terça-feira, 16 de abril de 2013

..:Adolescente não é aborrecente!:..


Muitos professores reclamam da dificuldade em lidar com os adolescentes. Convivendo com eles há mais de 20 anos, aprendi que também podemos ver o lado positivo dessa fase, ajudando-os a enfrentar os desafios com mais confiança e aprendendo muito com  isso também!

Pensamento abstrato e genitalização

Dos 13 aos 17 anos, duas coisas maravilhosas acontecem simultaneamente: a aquisição do pensamento abstrato e a genitalização. Isto habilita o adolescente, não só a especular e abstrair, mas também a sonhar com seus objetos de desejo.
Muitas vezes, os professores dizem que os adolescentes vivem no “mundo da lua”, sonhando com tudo. Mas esse processo é fundamental.
Essa abstração de “viajar” com um caso de amor platônico, uma banda de sucesso, ou o time de futebol, funciona como uma preparação, um jogo amistoso. Na parte sexual ela é fundamental, pois é treinando mentalmente esse papel que o adolescente vai poder num futuro próximo lidar com sua sexualidade de forma mais ampla e com a perspectiva de envolvimento amoroso real.

Imagem percebida x imagem imaginada

Durante a adolescência, os meninos e meninas percebem que toda satisfação possível depende de uma fantasia, uma espécie de filme íntimo, um roteiro secreto que encadeia nossas aspirações e ideais, segundo o psicanalista Cristhian Dunker, em seu artigo, Travessia da Imagem.
Isso quer dizer que, em todas as atitudes, quem entra em ação não é a imagem percebida de si, mas a imaginada.
Tudo isso gera muita tensão, confronto com a sua imagem e dificuldade de relacionamento, que pode se tornar mais intensa e negativa quando o adolescente é interpretado de aborrecente, por exemplo.
O que ele mais precisa neste momento não é que não atribuam a ele mais uma imagem, e sim que o ajude a assumir aquela que lhe faz sentido e com a qual se identifica.

Como estabelecer um diálogo com os adolescentes?

Para conseguir levar adiante uma boa conversa, o segredo é não medir forças. O adolescente está num momento de autoafirmação, saindo da condição passiva de ser amado incondicionalmente por seus pais, para se tornar ativo, ou seja, lidar com a difícil tarefa de escolher um namorado (a), uma profissão, e que, dentro de suas escolhas consiga amar e para ser amado.
Por isso, um caminho que me foi recomendado no início da minha carreira e que costuma dar certo, é entender o que o jovem pensa a respeito de um determinado assunto e, complementar as lacunas que ficam nos conceitos por causa da imagem idealizada de si e a pouca experiência na vida.

Transformações do corpo e da mente

Neste período repleto de transformações, os adolescentes costumam se dar conta também, do principal atributo sexual que é a capacidade orgásmica, ou seja , a possibilidade de erotização e de obter prazer através do sexo.
Esta descoberta, associada aos estímulos hormonais que estão a pleno vapor, acentua o impulso sexual e favorece a iniciação sexual. A masturbação se torna cada vez mais presente, e não só na vida dos meninos, das meninas também. E, obviamente, a dúvida mais comum entre eles é: qual é o melhor momento para se ter a primeira relação sexual?
É por isso que este é um momento muito rico para se trabalhar a educação sexual. É preciso aproveitar que eles estão em grupo, numa convivência na escola, onde compartilham atos e ideias, com a crença de que tudo vai dar certo, decidindo quais valores vão respeitar e aprendendo a enfrentar os conflitos que surgem dos confrontos com opiniões diferentes das suas.
Mas um cuidado é muito importante aqui. Não exponha os alunos. Utilize dinâmicas e jogos educativos específicos que ajudem a protegê-los, explicitando o pensamento do grupo ou do personagem na situação colocada pelo jogo. Este é um jeito de todos aprenderem sem constrangimentos, inclusive o professor.

Experimentem!

fonte:http://revistaescola.abril.com.br/blogs/educacao-sexual/2013/04/11/adolescente-nao-e-aborrecente/

Nenhum comentário:

Postar um comentário